Manuel Francisco dos Santos, conhecido mundialmente como Garrincha, foi um dos maiores jogadores de futebol de todos os tempos. Nascido em Pau Grande, no Rio de Janeiro, em 28 de outubro de 1933, ele ganhou o coração dos brasileiros com seu talento único e alegria contagiante.
Uma carreira incrível
Garrincha nasceu com a perna esquerda seis centímetros mais longa que a direita. Assim, com a perna esquerda curvada para fora e a direita dobrada para dentro, ele se movia com dificuldade, principalmente pela forma em S de coluna espinhal.
Avaliado por um médico foi classificado como “aleijado”. Sendo uma criança franzina e vulnerável na época, sua irmã mais velha o apelidou de “Garrincha“. Esse nome faz referência a um “passarinho” em português.
Garrincha no Botafogo
Apesar disso, seu talento ultrapassou sua deficiência. Na estreia pelo Botafogo em 1953 fez 3 gols contra o Bonsucesso. Nas 12 temporadas seguintes, ele teve um desempenho impressionante com 249 gols em apenas 579 partidas pelo clube. No ano de 1955 marcou sua estreia internacional pela seleção brasileira. Mesmo não participando das partidas de estreia fez uma parceria duradoura e de sucesso com Pelé. Ambos tinham apenas dezessete anos quando se uniram pela 1ª vez em campo e venceram por 2 a 0 contra a seleção soviética.
Garrincha e a carreira na Seleção Brasileira
O Brasil seguiu invicto pelas 40 partidas que contou com sua formação principal. Na Suécia, eles uniram forças e venceram o País de Gales e a França. Faltava apenas os anfitriões. A conquista da primeira Copa do Mundo pelo Brasil aconteceu no dia 30 de junho de 1958, quando abrilhantado por Garrincha, autor dos 2 primeiros gols, a seleção brasileira ganhou da Suécia por uma diferença notável de 5 a 2, em Estocolmo.
Garrincha não conquistou apenas a medalha de campeão, mas também foi selecionado para integrar o time dos melhores jogadores no All-Star. O interesse dos grandes clubes europeus como a Juventus, Inter de Milão e Real Madri foi despertado pelo talento excepcional do jogador, entretanto ele continuou sua carreira no Brasil.
Garrincha no topo do mundo
De forma surpreendente e decepcionante, para os brasileiros, em 1962, no Chile, Pelé lesionou a perna e ficou impossibilitado de jogar logo no 2º jogo. Porém, Garrincha garantiu que o Brasil disputasse sua segunda Copa do Mundo consecutiva. Com 2 gols, o Brasil venceu de 3 a 1, a Inglaterra. Não satisfeito com isso, ele repetiu essa façanha incrível de 2 gols durante as emocionantes semifinais contra o Chile, os donos da casa, no jogo de placar 4 a 2.
Na final em Santiago, ele conseguiu superar uma forte febre para disputar e vencer o jogo contra a Checoslováquia por 3 a 1. Entre todas as conquistas marcantes durante sua participação na Copa do Mundo, Garrincha foi premiado com a Chuteira de Ouro, por ser artilheiro; pela Bola a d’Ouro e pela medalha de Ouro por vencer a Copa. Ele tinha 28 anos, nesta Copa do Mundo e vivia o momento mais importante de sua carreira.
A pausa
Devido ao formato de suas pernas, as intensas dores surgiram e em apenas um ano seus joelhos já não suportavam jogar dois jogos seguidos. Em 1959, os médicos recomendaram uma cirurgia para restaurar suas pernas, entretanto ele se negou até a realização posteriormente, no ano de 1964. Porém, nunca mais ele foi o mesmo jogador depois de ter perdido a grande parte do ritmo e da mobilidade que tinha. Confortavelmente, durante a maior parte de sua carreira, ele jogou mais de 30 partidas por temporada. Porém, ele não teve um grande número de partidas ao longo das três temporadas que se seguiram a 1962.
O retorno triunfante de Garrincha à Copa do Mundo ocorreu em 1966, quando ele marcou um gol impressionante durante o jogo em que o Brasil venceu com placar final de 2 a 0 sobre o time adversário búlgaro. Porém sua atuação heroica não foi capaz de impedir uma derrota posterior para Hungria resultando numa eliminação precoce da seleção brasileira no mesmo evento esportivo. Ele teria feito sua 50ª e derradeira participação em campo pelo Brasil. No entanto, não se esperava que fosse o primeiro revés utilizando a camisa da seleção.
Dentro e fora das quatro linhas, ele carregava consigo um espírito desprendido e descontraído que se refletia em todas as suas atitudes. Além disso, quando tinha apenas 18 anos, esse homem se tornou pai e durante a sua vida foi responsável por ter outros 13 filhos com 5 mulheres diferentes. O vício era um problema de família, visto que seu pai também lutava contra o vício do álcool, chegando ao ponto trágico de sua morte. E curiosamente Garrincha também enfrentou problemas com uma bebida.
O fim da alegria
As lesões e o vício afetaram o desempenho de Garrincha como jogador no término da Copa do Mundo em 1966. No entanto, ele seguiu em frente por mais sete anos, enquanto desempenhou um papel importante, nos times do Corinthians, Flamengo e Olária além do Atlético Junior da Colômbia. Contudo, dirigindo em abril de 1969, ele se envolveu em um acidente fatal que tirou a vida da sogra, Dona Rosário. Posteriormente, houve relatos depois de que ele tenha tentado tirar sua própria vida.
Aos 40 anos, Garrincha decidiu se aposentar em uma partida especial. Assim, o duelo ocorreu entre uma seleção da FIFA e o time do Brasil no Maracanã (Rio de Janeiro), onde estavam presentes mais de 131 mil torcedores. Garrincha não conseguiu juntar dinheiro suficiente para ter uma boa aposentadoria. Ele começou a se sentir esquecido e quase abandonado pela comunidade do futebol, mesmo representando especificamente o Instituto Brasileiro do Café como embaixador enquanto lutava por trabalho. No dia 19 de janeiro do 1983, Garrincha internado em coma alcoólico e faleceu de cirrose hepática cedo na manhã seguinte.
Conclusão
Mesmo com grandes jogadores brasileiros, nenhum foi tão querido como Garrincha, graças ao seu talento singular e suas imperfeições. Portanto, ele era alguém com quem muitos brasileiros conseguiam se relacionar e jogava por talento e diversão.
